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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Benzodiazepínicos: aumento de 50% na chance de demência

A maioria que possui um carimbo com CRM sabe do problema de saúde pública que se tornou a “renovação de receitas azuis”.

Quem já não atendeu pessoas que tomam indiscriminadamente seu bom e velho “am”? Os “am” da vida como dizepam (Valium ®), bromazepam (Lexotan ®), clonazepam (Rivotril ®), Cloxazolam (Olcadil ®), alprazolam (Frontal ®), midazolam (Dormonid ®), lorazepam (Lorax ®), flurazepam (Dalmadorm ®) e outros “am” são medicações da classe dos benzodiazepínicos (BDZ), todos “primos entre si”.

BDZ são medicações com efeito no sistema nervoso central através da estimulação do receptor cerebral  inibitório GABA que tem efeitos sedativo, ansiolítico, hipnótico, anticonvulsivante e relaxante muscular. Então, para tratar insônia ou para melhor lidar com as frustrações da vida e ansiedade, muitos tomam seu tarja preta há anos, outros décadas, sem contar as vezes em que se misturam 2 ou mais.

Mas veja, para cada caixa (ou 3 caixas) que uma idosa com mais de trinta anos de uso de dizepam tomou, houve um médico prescrevendo por trás, “renovando” cada receita azul, muitas vezes sem perguntar indicação, tempo de uso ou quem a acompanha… 

Ou seja, a despeito de necessitar de receita médica controlada (azul) para cada caixa comprada, a grande maioria das pessoas faz uso dessas medicações sem uma indicação clínica formal, sem acompanhamento e sem controle. É aquela renovação de receita que se faz para ser legal (pedido de amiga da prima do tio de num sei quem mais lá…) ou para “ajudar” alguém ou para evitar “perder tempo” quando se pede ao final de uma consulta…

As consequências são o abuso que leva à tolerância e dependência. Os efeitos de sonolência, letargia, hipovigilância, hipotenacidade e abstinência podem trazer consequências graves a curto prazo, especialmente quando o usuário encontra-se ao volante, em uso de maquinário, em ambiente aquático, etc e mais ainda quando há interação com álcool e outras medicações sem orientação.

Infelizmente, quando há dependência, não é possível suspender abruptamente a medicação. Nesses casos, busco saber a indicação, tempo de uso, quem acompanha e, quando necessário, prescrevo uma caixa da medicação e traço um plano de desmame, substituição e “higiene do sono”, já que essa é a principal indicação.

Resumo da ópera:

BENZODIAZEPÍNICOS, em geral, SÃO MEDICAÇÕES PARA USO POR CURTO
PRAZO EM SITUAÇÕES CLÍNICAS ESPECÍFICAS


Após essa longa introdução, trago um artigo publicado no BMJ em setembro desse ano:

Clique no link acima para a íntegra freeSegue abaixo Abstract. 


Objective: To evaluate the association between use of benzodiazepines and incident dementia.

Design: Prospective, population based study.

Setting: PAQUID study, France.

Participants: 1063 men and women (mean age 78.2 years) who were free of dementia and did not start taking benzodiazepines until at least the third year of follow-up.

Main outcome measures: Incident dementia, confirmed by a neurologist.

Results: During a 15 year follow-up, 253 incident cases of dementia were confirmed. New use of benzodiazepines was associated with an increased risk of dementia (multivariable adjusted hazard ratio 1.60, 95% confidence interval 1.08 to 2.38). Sensitivity analysis considering the existence of depressive symptoms showed a similar association (hazard ratio 1.62, 1.08 to 2.43). A secondary analysis pooled cohorts of participants who started benzodiazepines during follow-up and evaluated the association with incident dementia. The pooled hazard ratio across the five cohorts of new benzodiazepine users was 1.46 (1.10 to 1.94). Results of a complementary nested case-control study showed that ever use of benzodiazepines was associated with an approximately 50% increase in the risk of dementia (adjusted odds ratio 1.55, 1.24 to 1.95) compared with never users. The results were similar in past users (odds ratio 1.56, 1.23 to 1.98) and recent users (1.48, 0.83 to 2.63) but reached significance only for past users.

Conclusions: In this prospective population based study, new use of benzodiazepines was associated with increased risk of dementia. The result was robust in pooled analyses across cohorts of new users of benzodiazepines throughout the study and in a complementary case-control study. Considering the extent to which benzodiazepines are prescribed and the number of potential adverse effects of this drug class in the general population, indiscriminate widespread use should be cautioned against.



quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Caso New England - 08/11/12

Psoas,

Encaminho artigo discutido pelo Dr. Giovany Capistrano na quinta-feira no New England.

Clinical Problem Solving: A Complex Cause of Pleuritic Chest Pain

Abraços,

Abordagem de diarreias: 5 PASSOS

Caros,

Após um período inativo, retornam as publicações no nosso blog.
Lembro que esse espaço é para construção e divulgação conjunta, então toda participação será bem-vinda!

Bem,

Seguindo com a programação de “artigos para o generalista” discutimos um excelente artigo da Mayo Clinic na série CONCISE REVIEW FOR CLINICIANS sobre como abordar as diarreias.

De forma sucinta, prática, com casos clínicos e obviamente sem intenção de esgotar o tema, traz cinco passos para abordar as diarreias englobando alguns possíveis pitfalls como, por exemplo, incontinência fecal, fecaloma e diarreia induzida por drogas.

Evaluating the Patient With Diarrhea: A Case-Based Approach
MayoClinProc. June 2012; 87(6):596-602

Boa leitura!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O que funciona no fim do ano no HUWC/MEAC

Psoas,

Para que possam se programar no fim do ano, compartilho circular sobre funcionamento do HUWC/MEAC durante festas e reveillon.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Artigo do NEJM

Caros,

Segue o artigo discutido pelo Dr. Giovany Capistrano na quinta-feira na sessão do New England.

Case 32-2012: A 35-Year-Old Man with Respiratory and Renal Failure

Abraços,

UpToDate de volta em breve...

Caros, 

O pedido do UpToDate já foi enviado para a empresa. Aguardando retorno da proposta para ser encaminhada a com justificativa (já feita e entregue) para ser celebrada pela Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura. 

Novidades, informarei!

Retorno...

Olá, Psoas!

Após um período afastado em umas boas férias, apareço só pra informar que o blog não morreu! ;)

Já já publicarei coisas novas e postarei os arquivos utilizados no nosso serviço!

Grande Abraço,


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Reforma nas enfermarias de clínica do HUWC



Caros,


 Hoje tive a surpresa agradável de esbarrar com 2 engenheiros com seus projetos e pranchetas rondando pelas enfermarias da IIA e IIB.

Estavam colhendo dados para um projeto a ser enviado, com urgência, até o final do mês para o Ministério da Saúde / Educação sobre reforma na enfermaria.


Será uma ampliação por cima do estacionamento, de cerca de 60 m2 para cada uma das enfermarias, contemplando espaço para prescrição de até 15 pessoas e reformando o fluxo de pessoas e materiais.

Sigamos otimistas!

Abraços,

sábado, 15 de setembro de 2012

Negociação de Tablets para residentes

Caros residentes,

Segue a negociação acerca dos Tablets. A Manole disponibilizou uma senha para testes dos serviços.

Um dos serviços disponibilizados é o Lexicomp. Este pode ser baixado independentemente para testes por 30 dias em iPad e tablets Android nos links (após 30 dias, precisa de senha):
http://itunes.apple.com/br/app/lexicomp/id313401238?mt=8 (iOS)
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.lexi.android&hl=en (Android)

A plataforma dos livros é acessada via Aula Aberta Virtual. Pode ser acessado pelo desktop (http://aulaaberta.bvirtual.com.br) e pode ser acessado nos tablets também. Para os tablets deve ser  baixado o App na respectiva loja:
http://itunes.apple.com/br/app/biblioteca-virtual-universitaria/id525427240?mt=8 (iOS)
https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.digitalpages.shelf.bv (Android)

Para testar, e ver a biblioteca virtual, entre no site http://aulaaberta.bvirtual.com.br e utilizem o seguinte código (expira em breve):

[login] 201487, [senha] 521994.

Abraços,

PS: A parte burocrática está dependendo de novas reuniões para ver a forma de licitação, origem de recursos e tudo mais. Isso porque, conforme informaram, vocês não podem coparticipar, ou seja, teria que ser praticamente tudo financiado pelo Hospital.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Por que meu paciente tem linfonodomegalia ou esplenomegalia?

Psoas,

Discutimos hoje pela manhã um pouco sobre linfonodomegalia e esplenomegalia.

Seguem os artigos:


Alguns highlights:

Linfonodos aumentados de volume podem não representar patologia, bem como podem ser os únicos sinais de doença importante subjacente, mesmo que em pacientes assintomáticos (malignidade mesmo sem sintomas B). Por esse motivo, é fundamental a pesquisa de linfonodos fazer parte de rotina do exame físico geral.

Aqueles que o Dr. Otho mais gosta:

  • Supraclavicular E (Virchow ou Troisier): TGI, principalmente junção esôfago-gastrica e estômago
  • Supraclavicular D: Mama, pulmão e mediastino
  • Axilar E (Irish): TGI
  • Periumbilical (Irmã Maria José): Intraabdominal e pélvico.
  • Femoral (Cloquet): Melanoma disseminado para cadeias ilíaca e obturadora.

Como vimos, de forma bem abrangente, os mecanismos de desenvolvimento de linfonodomegalia  (LNM) passam pela proliferação monoclonal (principalmente linfóide), linfocitária policlonal (infecções, antígenos), além de infiltração por células como neutrófilos (linfadenites), macrófagos / histiócitos (doenças granulomatosas, doenças de depósito, Kikuchi, Rosai-Dorfman, Kimura…), células metastáticas, além de poder ser mediado por citocinas que causam edema linfonodal.

A esplenomegalia pode ter os mesmos mecanismo e somam-se também eritropoiese extramedular, hemólise súbita e obstrução venosa do órgão, como por trombose de esplênica, hipertensão portal ou ICC.

Ao identificar LNM periférica localizada, investigar por lesões / infecções periféricas em suas vias de drenagem, que seguem trajeto previsível, o mesmo não verdade nas cadeia internas (pelve, abdomen, tórax).

Linfonodos reacionais costuma ser elípticos, menores que 2 cm, consistência fibroelástica (borrachudo), não aderidos ou coalescidos, podem ser dolorosos e fistulizar e tem hilo hiperecóico visível ao ultrassom. Linfonodos sugestivos de malignidade tem mais de 2 cm, consistência mais endurecida, por vezes pétrea, podem estar coalescido e aderidos, costumam ser indolores e tem forma mais arredondada. Entretanto essas características não são suficientes para definí-los.

Alterações ao US que sugerem malignidade são forma arredondada, hilo ausente, necrose intranodal, calcificações, edema nos tecidos moles, vascularização periférica (AJR 2005;184:1691–1699)

Diagnóstico de certeza costuma ser por biópsia, de preferência, excicional. Rendimento é: Excisional > Core biopsy > PAAF.

Só uma curiosidade, para finalizar: implantes de silicone podem ser causa de linfadenopatia supraclavicular.

Os textos tem muito mais informação. Leiam que vale a pena.

Abraços,