Texto extraído da revista Jornal Medicina do CFM nº204 Janeiro/2012
A defesa da humanização do atendimento médico foi
o cerne da entrevista feita pelo jornal Medicina com o
conselheiro Rubens dos Santos Silva. Representante do
Rio Grande do Norte junto ao CFM, ele aborda com
propriedade o delicado equilíbrio estabelecido na relação
médico-paciente.
Confira:
Jornal Medicina - Qual a
chave do sucesso para uma
boa relação médico-paciente?
Rubens dos Santos Silva
- Não há segredos. O que
ocorre é que a medicina é a
mais solidária das atividades. Então, quem se propõe
a ser médico já deve possuir
esse traço em sua personalidade: o da solidariedade, o da compreensão, da
aceitação do outro do ser
humano. Isso lhe dá imenso
crédito de confiança ante
aqueles que se entregam aos
seus cuidados.
JM - Mas esse desprendimento não exige demais
do médico, também um
ser humano com limites?
RSS - Não entendo assim, pois esse traço é inerente à pessoa. Alguém que exerce a medicina como uma profissão qualquer, como vemos acontecer em alguns locais onde os doentes são tratados como usuários e o médico como prestador de serviços, comete um equívoco. Tal comportamento é uma forma alienada de ver a relação médico-paciente. O paciente é um ser humano em desvantagem porque está em sofrimento e entrega-se a um outro – o médico – que, supostamente, merece essa confiança. Então, deve ser implícito ao profissional saber lidar com essa realidade. Entendo que tal dispor é o foco deste desprendimento e que o profissional deve se empenhar para tratar seu paciente.
RSS - Não entendo assim, pois esse traço é inerente à pessoa. Alguém que exerce a medicina como uma profissão qualquer, como vemos acontecer em alguns locais onde os doentes são tratados como usuários e o médico como prestador de serviços, comete um equívoco. Tal comportamento é uma forma alienada de ver a relação médico-paciente. O paciente é um ser humano em desvantagem porque está em sofrimento e entrega-se a um outro – o médico – que, supostamente, merece essa confiança. Então, deve ser implícito ao profissional saber lidar com essa realidade. Entendo que tal dispor é o foco deste desprendimento e que o profissional deve se empenhar para tratar seu paciente.
JM-Esse é o modelo
ideal. No entanto, o senhor
enxerga distorções neste
processo?
RSS- Como disse, entendo que há um equívoco entre aqueles que entendem que na relação estabelecida entre o médico e o paciente existe apenas um contrato de prestação de serviços. Não se trata disso. Em minha opinião, a medicina não tem a obrigação de curar, mas se pode exigir do médico que ele cuide, que trate seu paciente da melhor forma possível.
RSS- Como disse, entendo que há um equívoco entre aqueles que entendem que na relação estabelecida entre o médico e o paciente existe apenas um contrato de prestação de serviços. Não se trata disso. Em minha opinião, a medicina não tem a obrigação de curar, mas se pode exigir do médico que ele cuide, que trate seu paciente da melhor forma possível.
JM - Como se preparar
para este desafio diário?
RSS - Na equação da relação médico-paciente, o médico está na ponta mais forte. É ele que foi procurado e detém o poder. O outro, que busca o tratamento é a parte frágil. Sendo assim, cabe ao mais forte oferecer a quem dele depende o conforto esperado. Pois quem está humilhado pela doença não tem essa força, e não podemos dele exigir isso. O paciente pode gritar, xingar, reclamar, mas, mesmo assim, o médico deve exercer seu papel acolhedor, repassando calma, tranquilidade e oferecendo confiança.
RSS - Na equação da relação médico-paciente, o médico está na ponta mais forte. É ele que foi procurado e detém o poder. O outro, que busca o tratamento é a parte frágil. Sendo assim, cabe ao mais forte oferecer a quem dele depende o conforto esperado. Pois quem está humilhado pela doença não tem essa força, e não podemos dele exigir isso. O paciente pode gritar, xingar, reclamar, mas, mesmo assim, o médico deve exercer seu papel acolhedor, repassando calma, tranquilidade e oferecendo confiança.
JM - Existem regras que
podem ajudar o médico
em sua jornada?
RSS - Tenho dúvidas sobre a pertinência de códigos escritos para regular essa situação. Mas vejo como uma necessidade impingir aos futuros médicos a compreensão de seu papel desde os primeiros anos de formação nas escolas de medicina. Com o tempo, este aluno passaria a entender essa missão e fazer esse exame de consciência. Enfim, perceber que o médico atende pessoas, atende a mãe de alguém, o filho de alguém. Aceitar que a relação se estabelece com seres fragilizados, o que exige o máximo de empenho, sem a promessa da cura, mas com a certeza de que todos os esforços serão empreendidos na luta contra a doença. Daí a gratidão de pacientes e suas famílias para com o profissional, independentemente da cura. Muitas vezes vemos o falecimento de alguém e nos anúncios há o agradecimento explícito ao médico que o atendeu. Certamente, naquele caso houve um bom atendimento.
RSS - Tenho dúvidas sobre a pertinência de códigos escritos para regular essa situação. Mas vejo como uma necessidade impingir aos futuros médicos a compreensão de seu papel desde os primeiros anos de formação nas escolas de medicina. Com o tempo, este aluno passaria a entender essa missão e fazer esse exame de consciência. Enfim, perceber que o médico atende pessoas, atende a mãe de alguém, o filho de alguém. Aceitar que a relação se estabelece com seres fragilizados, o que exige o máximo de empenho, sem a promessa da cura, mas com a certeza de que todos os esforços serão empreendidos na luta contra a doença. Daí a gratidão de pacientes e suas famílias para com o profissional, independentemente da cura. Muitas vezes vemos o falecimento de alguém e nos anúncios há o agradecimento explícito ao médico que o atendeu. Certamente, naquele caso houve um bom atendimento.
JM - Nesse sentido, há
deficiências no ensino médico?
RSS - São falhas que se incluem nas fragilidades éticas de nossa própria sociedade. Seria difícil exigir que apenas naquele período de formação, de preparo, fosse exigido esse compromisso do futuro médico. O ideal seria uma maior conscientização de todos médicos ou não.
E você? O que acha??
Comente!
Abraços,
Rainardo.
RSS - São falhas que se incluem nas fragilidades éticas de nossa própria sociedade. Seria difícil exigir que apenas naquele período de formação, de preparo, fosse exigido esse compromisso do futuro médico. O ideal seria uma maior conscientização de todos médicos ou não.
E você? O que acha??
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Abraços,
Rainardo.
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